Apocalipse 1:19-20:
19 "Escreva, pois, as coisas que você viu, tanto as presentes como as que acontecerão.20 Este é o mistério das sete estrelas que você viu em minha mão direita e dos sete candelabros: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas".
João recebe a ordem de escrever as coisas a ele reveladas.
De semelhante modo, Moisés, Josué e demais profetas, receberam esta ordem do
Senhor, ou seja, de registrar as Palavras de Deus para que os seus descendentes
tivessem o conhecimento (Êxodo 34:27; Deuteronômio 31:24; Josué 24:26). Esse
foi o método usado por Deus para que os homens tivessem conhecimento tanto do
Antigo quanto do Novo Testamento.
Muitas pessoas duvidam da Bíblia e, até hoje, esse grande
livro é motivo de controvérsias, brigas, divisões etc. Muitos estudiosos se
debruçaram em analisar a Bíblia e ainda muitos continuam a investigá-la. Muitas
coisas foram escritas contra e a favor da Bíblia. Muitos outros livros
religiosos foram escritos trazendo outros evangelhos, outras doutrinas etc.,
mas nenhum deles supera a Bíblia. São dois os grandes obstáculos da fé. O primeiro obstáculo para o ser humano é
crer que Jesus é o verdadeiro e único
Filho de Deus e que morreu e
ressuscitou para libertar os homens do pecado. O segundo grande obstáculo da fé é crer na Bíblia como instrumento
usado por Deus, ou seja, é crer na Bíblia
como palavra revelada e preservada por Deus através dos séculos. Deus usou
diversos homens, inspirados pelo seu Espírito, para escrever as Escrituras (2 Timóteo
3:16; 2 Pedro 1:21). Também usou outros homens para preservá-la de diversos
ataques que sofreu ao longo do tempo. Ninguém jamais conseguiu destruir a
Bíblia. Até hoje é o livro mais vendido em todas as épocas.
João é exortado a escrever em três blocos: as coisas que ele
viu; as coisas que são (à época dele); e as coisas que acontecerão no futuro
(profecias). Normalmente os estudiosos dividem o livro dessa forma:
1. “as coisas que você viu”. Refere-se ao
que está escrito no primeiro capítulo de Apocalipse e, como já estudamos, são coisas
reveladas a respeito de Jesus, como os detalhes de sua divindade, autoridade,
poder e conquistas espirituais.
2. “as que são” ou “as presentes”. Refere-se aos capítulos 2 e 3, quando o Senhor se
dirige às igrejas da época com suas respectivas exortações. Entendemos que
essas exortações tanto se aplicaram a eles, quanto servem de instrução para
nós, visto que na época de João existiam várias igrejas, não somente essas
sete. Entendemos também que o número sete, em Apocalipse, é um simbolismo e
representa perfeição e generalização.
3. “as que acontecerão”. Refere-se ao
capítulo 4 em diante. Na realidade, porém, os capítulos 4 e 5 ainda apresentam
uma visão do trono de Deus e alguns detalhes celestiais que João registrou. As
profecias só começam mesmo no capítulo 6, com a abertura dos seis primeiros
selos.
O verso 20 trata do mistério
das sete estrelas e dos sete candelabros (castiçais). O próprio
texto revela o mistério. Não há como interpretar outra coisa. O texto está
claro: as sete estrelas são os anjos
das igrejas; e os sete candelabros são
as sete igrejas.
Sobre os anjos das sete igrejas há algumas interpretações. A
palavra “anjo” (grego: aggelos) significa mensageiro, embaixador,
alguém que é enviado. Tanto pode ser um ser humano como um ser angelical. João
Batista foi o “anjo” profetizado em Malaquias 3:1 como o mensageiro que
prepararia o caminho do Senhor (Mt 3:1-3). Também podem ser espíritos (seres
angelicais) que servem a Deus e ajudam os salvos (Hb 1.14). Porém, os intérpretes
se dividem em duas opiniões:
a) Que
os anjos são os pastores das sete
igrejas da Ásia Menor (hoje a Turquia). Essa interpretação é reforçada pelos
versículos seguintes, que dizem: “escreve ao anjo...” (vss. 2:1,8,12,18;
3:1,7,14). Para João escrever a esses anjos subentende-se que eles sejam homens
que administravam suas respectivas igrejas. Dificilmente ele escreveria cartas
para seres angelicais.
b) Que
os anjos são seres angelicais que
ministram às igrejas, controlando os seus ministros, e, pelo menos em alguns
casos, servindo de mediadores dos dons espirituais. Muitos concordam com essa
ideia, por entenderem que existem anjos que protegem as igrejas, as nações e
até mesmo cada crente, “anjo da guarda” (Mt 18:10; Sl 34:7; Dn 10:13,20; Hb
1:14).
Sobre a palavra “mistério”, que no Novo Testamento aparece cerca
de 20 vezes, faz menção a pelo menos três situações:
a) Ao
mistério da igreja, que estava
oculto aos profetas do Antigo Testamento, ou seja, o plano de Deus revelado no
evangelho para a salvação de toda a humanidade (Efésios 3:3-9).
b) Ao
mistério de Deus, que é o próprio Senhor
Jesus Cristo (Cl 2:2). Até hoje, muitos não aceitam o fato de Deus ter um
filho. Por conta disso, várias religiões e denominações foram criadas para
negar essa importante revelação de Deus. Como a própria Bíblia diz, esse era o
mistério que estava oculto. Jesus já existia antes de o mundo existir (João
17:5; Cl 1:17). Ele é Deus (João 1:1; Fl 2:6; 1 Tm 3:16). Ele é criador (Jo 1:3,10;
Cl 1:16; Hb 1:2). Ele é a imagem do Deus invisível (2 Co 4:4; Cl 1:15; Hb 1:3).
c) Ao
mistério da iniquidade, que é o
sistema maligno de Satanás para seduzir as pessoas à perdição eterna (2 Ts
2:7).